A coisa parou de andar. Nem
sei explicar muito bem, mas até vou tentar, afinal é por isso que escrevo...
É como estar aproveitando a
praia num dia ensolarado qualquer, entrar no mar, começar a nadar para frente e
a maré te puxar. É bem parecido também quando você sai disposto pela manhã, mas
fica algumas horas no trânsito ou mesmo esperando o ônibus, você fica parado,
inconsolável. Nesses casos, não há o muito que fazer a não ser aguardar a maré
estar a seu favor, o trânsito fluir ou seu ônibus chegar. Como eu disse, não
sei explicar muito bem e de fato não consegui, pois ao contrário do oceano, do
congestionamento e do ônibus atrasado, não tenho visto nenhum progresso. Aliás,
tenho visto algo sim, mas é regresso.
As vezes me sinto como se
tivesse com cinco ou seis anos, na época que eu imaginava que quando todos em casa
já estivessem dormindo, no meio do breu, apareceria um monstro.
Sentia medo, mas nunca vi o tal do monstro, honestamente. Hoje é meio parecido,
só que as luzes estão acesas. O tal monstro continua invisível.
Obviamente sei que quando
eu era criança o monstro era apenas uma pulsão, minha imaginação fértil
trabalhando a forma com que eu devia encarar o escuro e o fato de ficar
sozinho. Hoje o monstro não faz parte da minha pulsão. Ele é impulsionado pela
pulsão dos outros que me cercam.
Sou eu, administrando o
monstro dos mais diversos sentimentos alheios, criando um só para mim. Continua
invisível, mas o sentimento de medo faz com que eu pare e pense duas vezes
antes de fazer qualquer coisa. As vezes é bom. Mas o fato é que a coisa parou
de andar e eu preciso enfrentar o monstro antes que ele me domine...
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