Certa vez li em um blog que a gente não pode perder a doçura
no dia da nossa guerra.
Também li que perdoar é lembrar e não doer.
Com o tempo fui crescendo e deixando de ser opção de amor
para algumas pessoas, eu fui aprendendo a perdoá-las à medida que eu me
esquecia delas e quando lembrar delas já não me causava dores nas cicatrizes
que deixavam. Um pouco dramático, eu sei.
Se engana quem pensa que a vida é o retrato de uma noite de
destilados, alucinógenos e luzes de neon. Isso é uma parte dela, o lado
divertido. A vida real onde nem todo mundo é tão feliz quanto às fotos nas
redes sociais é mais profunda: há amores, trabalho, escolhas, felicidade.
Também tem um pouco de tristeza, certezas e dúvidas. A vida
real é um tapa na nossa cara; aquele despertador chato que toca todas as manhãs
nos avisando que às 6 da manhã a responsabilidade de gente grande nos espera
pra fora da nossa casa – faça sol, chuva, calor ou frio. E para cada dia desse
– para cada escolha dessa, a gente tem uma música.
Nunca fui dotado de muita beleza e formosura (que dialeto é
esse? que ano é hoje?). Uma beleza exótica, talvez, rsrs... e então sempre me achei o
átomo do pó da mosca do cocô do cavalo do bandido. Quando me envolvia com alguém
e esse alguém não se envolvia comigo, eu sofria de verdade. Esse envolvimento
se refere a tudo: amores e amigos. E essa verdade me trazia mais músicas, mais
perdas e mais realidades que precisavam ser vividas. Penso que por conta disso,
cada fase da minha vida é embalada por uma ou mais canções. Mas o Amor é uma
música bonita que a gente não deixa parar de tocar. É aquele som legal que a
gente ouve no repeat todos os dias, no celular. É aquela música que conta uma
história única em pouco mais de 3 minutos e os arranjos provocam o clímax, a
serenidade, a introdução e intervenção de percepção da história.
Se a música acaba, a culpa é nossa.
É a gente que se enjoou da letra, da história que ela
contava. Até num ato de egoísmo do tipo “não aguento mais essa música/história.
Não me interessa mais” e a gente começa
a consumir outra música que está na moda. Porque todo mundo é igualmente
ouvinte do mesmo de tipo de música e letra; do mesmo poema. E, também, dos
mesmos efeitos dela. O mesmo acontece quando o amor acaba. Se acabar é porque a
gente permitiu que acabasse.
Eu só quero que os nossos amores não terminem após os 3
minutos e meio. Que possamos viver cada introdução, arranjo e, principalmente,
refrão que a música da nossa história traga para nós.
Enquanto muitos estão abrindo mão de suas convicções, das
suas verdades, daquilo que os motiva de verdade para ir na influência dos
outros, das canções alheias que nada mais causam do que simples euforia, que
possamos cuidar da nossa música chamada Amor. Que aumentemos o volume. Que
dancemos mais juntos. Que cantemos mais o refrão até ficarmos roucos. Que
possamos entender quando é tempestade ou calmaria; quando o clímax da história
contada ali precisa de fôlego instrumental…
O Amor é como musica, improvisado e em batidas de tons
menores. Porque o improviso traz a alegria de se surpreender e os tons menores
mexem com as nossas emoções.
Não deixe que a música da sua vida, chamada Amor, termine no
silêncio mais triste que existe: sem doçura e sem perdão.
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